quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Situação complexa...

Na segunda-feira, dia 21de Setembro como foi anunciado na mídia e também neste blog a concorrência do programa F-X2 BR teve prazo prorrogado para a entrega do BAFO (Better And Final Offer, em português a Melhor e Final Oferta) de cada uma das empresas concorrentes.

Na realidade em Junho as empresas já haviam efetuado a entrega de suas respectivas BAFO's, porém as declarações do presidente Lula em conjunto com o presidente francês Sarkozy no 7 de Setembro forçaram o processo e o Ministério da Defesa juntamente do Comando da Aeronáutica abriram este prazo final.

Oficialmente somente uma das empresas concorrentes solicitou esta prorrogação, a SAAB sueca. Aparentemente o governo sueco entrou na briga, de forma mais discreta, agora, somente aos "48 do segundo tempo", o que infelizmente limita a oportunidade de efeito por parte de suas ações. Semana passada o vice ministro da Defesa Sueco, Hakan Jevrell esteve no Brasil, mas sequer foi recebido por Nelson Jobim.

A norte-americana BOEING informou que não solicitou nenhuma prorrogação do prazo, apesar de informar que irá melhorar aquilo que já estava bom em sua proposta.

O fato é que a briga está vencida e desde antes do 7 de Setembro, quem está rindo à toa neste exato momento são os franceses que fecharam o contrato com o Brasil e estão em vias de fechar outro com os Emirados Arábes Unidos (especificamente Força Aérea de Abu Dhabi). Encerrando principalmente o contrato com o Brasil os portões de concorrência importantes se abrem para a França, especialmente na Suíça, Indía e Líbia (país que já declarou preferência clara pelo Rafale).

Para um caça "encalhado" que só havia "perdido" até o momento a história parece estar virando para o Rafale e pode se tornar um pesadelo para o Gripen e para o F/A-18 Super Hornet, pois nas demais concorrências que o Rafale participa os suecos e americanos também concorrem.

O fato que não muda é o aspecto político da decisão sobre este programa e o ponto chave é a demora. A demora para a chegada dos 36 aparelhos e a demora para se fechar esta decisão, no momento a situação pode estar mudando de vantajosa (em estar prorrogando prazos e forçando baixas de preço) para inconveniente. Corre-se risco agora de termos alguma indisposição diplomática com os EUA ou com a Suécia em razão da demora e não compra.

A urgência da chegada dos 36 novos caças é ainda acompanhada do fato de que nossa Força Aérea precisa de bem mais do que isso. Falar em 72 aeronaves ainda seria pouco, o número real que a FAB necessita é na faixa de 144 aeronaves, para deixar em termos preciso e simplesmente quadruplicando o valor do atual programa.

Porém o fato de se comentar tanto sobre a transferência de tecnologia para a indústria nacional é o ponto claro de que o F-X2 terminará e deixará um legado, esperamos todos que esse legado seja produtivo e nos permita chegar em 2020 com bem mais de que 36 aparelhos novos.

Já que repeti assunto e praticamente repeti informações neste post comentarei brevemente sobre a situação de Honduras, novamente.

Enquanto que no caso do programa F-X2 somos protagonistas no panorama mundial com os olhos do mundo esperando nossa decisão, assim como na economia já muitos observam o Brasil e o próprio presidente do Banco Central americano disse em alto e bom tom para o nosso presidente do BC: "O Brasil está liderando o mundo para sair da crise", infelizmente muitos no mundo observam o Brasil em Honduras.

E muito se perguntam: "O que diabos?"

Não se pode chamar o atual governo hondurenho de "golpista" dada a legislação daquele país e as condições em que as ações foram tomadas é no mínimo injusto dar alguma "categorização" que não seja governo provisório.
Digo repito e insisto que os meios de mídia nacionais, que antes só mostravam o incidente com as vistas à possíveis desdobramentos dadas as declarações de Chávez e o apoio do governo brasileiro a Zelaya e agora já vêem Zelaya como vítima dadas as ações mais extremadas de nosso governo, não dão a devida atenção e nem tratamento ao tema.

Pouco se comenta sobre o aspecto legal da situação sobre a ótica da constituição hondurenha, ou sobre a visão da Suprema Corte Hondurenha.

Não se pode e nem se deve interferir na soberania de um país, mesmo que tivesse ocorrido um golpe militar, o fato é que não se pode interferir. Diversas situações de golpes reais já ocorreram em países sul-americanos e o Brasil nunca interferiu. O máximo que fizemos até hoje foi dar asilo político, mas jamais se fez nada do tipo que se faz hoje na embaixada brasileira em Honduras.

Um claro ato de deselegância com o governo hondurenho incitando uma situação limite para aquele país, postura de não somente forçar a algo que pode sair do controle como desrespeito claro. Se havia ordem de prisão para o ex-presidente Zelaya ao desembarcar em solo hondurenho nosso governo utilizou-se de influência e poder de sua embaixada para fazer o ex-presidente desembarcar ilegalmente naquele país e seguir para nossa embaixada onde Zelaya está imune as leis de seu país.

Para que os brasileiros tentem compreender, a situação é como se o Collor fosse expulso do país e voltasse ilegalmente ficando abrigado na embaixada dos EUA, por acordo com o governo daquele país, gostaríamos disso? Melhor até... Gostaríamos que algum outro governo tentasse resolver os nossos problemas?

Realmente queria que a mídia nacional se preocupasse agora em mostrar relatos da população hondurenha (mesmo que forjados ou selecionados, ou mesmo que montados) em que fique claro um pedido de "ajuda" ou um clamor por auxílio. Sinceramente por mais instável que seja a história da política daquele país eu duvido que sua população queira isso.

Enquanto um cidadão que quer que meu país seja livre e encare seus problemas internos como problemas internos sem a interferência externa, eu imagino que o povo hondurenho em sua maioria pense da mesma forma... E por que?
Simples até demais, é um desejo simples o de liberdade real, de que seu país seja livre eu vejo como algo tão natural.

Enfim, o fato é que ao mesmo tempo que temos trunfos e demonstramos ao mundo nossa proeminência... Nos rebaixamos ao ponto de fazermos parte de uma "presepada" como esta em Honduras.

Novamente reforço o apelo: Vamos deixar Honduras resolver o que é problema de Honduras.
Não precisamos nos calar, porém não podemos influenciar de tal forma. Que se encerrem relações diplomáticas, que se feche a embaixada naquele país, que os itens exportados para aquele país não sejam mais levados até lá (embargo), qualquer outra forma de protesto seria melhor.

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