quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Cloud Atlas




Cloud Atlas

Duas meras palavras em inglês, onde uma é Nuvem e a outra é Atlas, um cognato com vários significados:
1. um dos titãs gregos
2. uma das luas de Saturno
3. publicação constituída por uma coleção de mapas ou de cartas geográficas.
4. (Por extensão de sentido) livro constituído por uma coleção de gravuras, gráficos etc., relativos a uma dada ciência.
Exemplo: Atlas de anatomia
5. (Anatomia geral) a primeira vértebra cervical, que se articula com a região occipital do crânio e o sustenta.

Nuvem e outras tantas possibilidades, de fato o nome da obra foi dado de maneira feliz por David Mitchell ao seu livro "Cloud Atlas" de 2004 que serviu de base e inspiração para que os irmãos Wachowski fizessem o filme.

Já pude após alguma busca em nossa grande internet perceber que a adaptação do filme não é exatamente fiel, algo comum as obras cinematográficas saídas de livros e até por isso chamamos de adaptação, mas de fato a adaptação em questão é pertinente.

6 histórias em tempos distintos e entrelaças para demonstrar como que as histórias por menores que sejam se perpetuam de uma passado longínquo até um futuro muito distante, confesso que simplesmente ao assistir o trailer eu já tive certeza de que ia querer assistir o filme e tive quase certeza de que seria uma boa obra.





Os irmãos Wachowski podem ter ficado "marcados" pelo "jeito Matrix" de ser para muitos, mas esse filme é bastante diferente e apesar de sua presença em outros filmes após Matrix eu acho que esse foi o que mais levou a marca embora.
Uma bela adaptação de roteiro e boa participação na direção em conjunto com o alemão Tom Tykwer que também ajudou na adaptação do roteiro.

O elenco também foi muito bem selecionado com os medalhões Tom Hanks, Halle Berry e Susan Sarandon, porém com um simpático Jim Broadbent, ator britânico talvez menos conhecido, mas com participações em Superman IV, Doctor Who, Diário de Bridget Jones, Gangues de Nova Iorque, Crônicas de Nárnia e Dama de Ferro. Temos ainda o inconfundível Hugo Weaving que dispensa apresentações como Hanks, Berry e Sarandon, uma grata surpresa, ao menos para mim, foi a presença de Hugh Grant e completando o time dos mais velhos Keith David, mais ligado a temas de ação.
Os demais atores de maior relevância são mais jovens e destaco aqui:
Jim Sturgess, boa surpresa, boa interpretação com papel protagonista em boa parte da história, e foi a voz de Soren, um dos antagonistas na animação "A Lenda dos Guardiões: As corujas de Ga'Hoole".
Ben Whishaw, que atuou como o Q, no 007 - Skyfall e também tem uma participação importante, outro ator que me surpreendeu.
Doona Bae, atriz coreana sem grande expressão no cenário ocidental, teve sua parte feita com muita "felicidade" no filme.
Para completar o time temos ainda James D'Arcy, Zhou Xun e David Gyasi.

O meu receio por serem 6 histórias entrelaçadas no tempo era de que se perdesse o rumo da narrativa ou as idas e vindas se tornassem confusas, mas isso não ocorre em Cloud Atlas.
As histórias correm quase que simultaneamente e fica possível de ver relações e ligações, a trama corre de maneira linear e o desfecho igualmente quase simultâneo de todas é um grande mesclado de finais.
Dentro da trama ficam marcados temas ainda espinhentos que vou separar pelas histórias (como elas estão entituladas no livro e não é precisamente assim no filme):
"The Pacific Journal of Adam Ewing": trata de preconceito juntamente de uma mensagem de amizade e companherismo muito suave e bastante efetiva.
"Letters from Zedelghem": aqui temos espaço para outro campo em se tratando de preconceito, chegando a sexualidade e outras convenções sociais até mesmo a religião. Essa é a história mais poética do filme.
"Half-Lives: The First Luisa Rey Mystery": a parte de "thriller policial" mostrando tramas de poder e uma passada rápida em história jornalística investigativa, mantendo alguns dos dilemas abordados nas histórias anteriores.
"The Ghastly Ordeal of Timothy Cavendish": o momento de comédia da história sem dúvida fica com o "Tim-ooo-Tee" Cavendish, um conto que trata também de liberdade e opressão de uma forma suave, mas também de segunda chance e recomeço, as risadas são garantidas.
"An Orison of Sonmi~451": aqui como a vida e o mundo são cíclicos voltando a falar de segmentação, preconceito, de uma outra forma, com outra roupagem, aqui o aspecto fica mais filosófico, a história é futurista e a abordagem de poder e sociedade mudam muito.
"Sloosha's Crossin' an' Ev'rythin' After": um futuro distante, pós-apocalíptico com elementos não tão criativos, mas ainda sim bastante singulares, aqui percebi que vencer os medos e misturar tradições antigas e novas de fato se tornam o caminho para tudo.'

A fotografia do filme é feita com cuidado, e dado os lapsos de tempo e os diferentes lugares tudo foi feito de maneira bem apropriada, não há nenhum primor de fotografia por mais que em algumas histórias o cenário seja realmente muito belo com tomadas panorâmicas interessantes.
Na trilha sonora o filme tem um bom ponto, a trilha segue muito bem o ritmo dos fatos e parte da história gira em torno da música, ponto que reforça o trecho mais poético da obra.
Mas se dúvida o ponto técnico alto do filme está na maquiagem, não sei se é possível acreditar que Cloud Atlas seja um concorrente forte ao Oscar nessa categoria (não sei dos demais concorrentes) e nem sei se o estilo "Blockbuster" de ser não pode prejudicá-lo, mas de fato a maquiagem é ponto forte, muito bem feita e fazendo com que o espectador tenha uma diversão extra tentando identificar os atores nos diversos personagens.



Em suma a história desse filme me cativou de uma maneira que a muito não acontecia. Considerando como uma história original (que não teve outras representações no cinema antes) eu acho que último a me causar essa sensação foi o "A Origem" (Inception) e mesmo assim de uma forma bastante diferente.
Cloud Atlas ou "A viagem" como ficou o título em português é um baita filme, fez meu ano cinematográfico começar muito bem e recomendo a todos assistir, isso é muito melhor do que dizer detalhes ou contar a história!

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